KDRAMA | The Fabulous

O que esperar?

The Fabulous é um drama que fala sobre a vida, a relação da paixão pelo trabalho, e a linha tênue entre romance e amizade. Além disso, traz como temática as dificuldades profissionais na indústria da moda, retratando as lutas pela sobrevivência no competitivo mundo da moda e suas vidas diárias. Em resumo, o enredo foca em diferentes pessoas envolvidas no mesmo ramo e como elas buscam alternativas para sobreviverem em Seul. No entanto, sinto que se tivessem mais episódios poderiam ter sido melhor exploradas as dificuldades individuais dos 4 amigos. Isso faria com que nos sentíssemos mais próximos dos personagens, criando conexões mais profundas com eles.

A amizade dos personagens Joseph, Ji Eun, Woo Min e Seon Ho é o ponto alto do dorama. Contudo, é uma história que não tem vilão, nem um problema maior a ser resolvido. Não há dilemas da vida, tampouco lições a serem aprendidas. Para quem gosta de um passatempo leve, linear e divertido, é aceitável. Para quem, como eu, prefere histórias mais profundas e complexas, pode se decepcionar.

A Park Hee Jung estreou neste dorama, como Seon Ho, e sinceramente, para mim, ela roubou a cena em todo o dorama. O senso de profissionalismo de sua personagem e de ética que ela apresentou em The Fabulous, é com certeza o ponto chave que fugiu à regra de toda a minha crítica. Foi a única personagem que pude ver, desde o começo, uma autenticidade ímpar, para além do nosso estilista Joseph, que por si só é uma alegoria de personalidade à parte.

De maneira rasa, trata-se sobre ir atrás de seus sonhos e do despertar inocente por paixões novas, sem pressões externas. ~ E, francamente, quando a gente tem que se esforçar para abstrair alguma coisa, sinal de que há algo errado, não?

Críticas e mais Críticas

Não, não vou passar pano, porque temos Choi Minho como protagonista.

Quem gosta de doramas, desde antes deles chegarem à Netflix e ganharem o mundo, deve perceber a diferença. Parece não existir mais aqueles empecilhos bobos, como o primeiro beijo levar meio dorama para acontecer, ou o sexo rolar no ápice da intimidade, e não meramente casual. Mas ou a Coreia do Sul está mudando mesmo, ~ mas, não ocorre em doramas de outras plataformas ~ ou “coincidentemente” a Netflix está exercendo o seu “bom” papel de cutucar feridas “mais conservadoras”, até onde não lhe dizem respeito. ~ No caso, na cultura sul coreana. ~ E, francamente, desta vez, não vou me calar. Não cabem a nós, ou a ninguém, dizermos a eles o que é certo ou errado nos padrões ocidentais.

Que ela segue uma ideologia mais progressista, está claro e eu respeito. Assina quem quer, assiste quem pode. Mas, daí a mudar a essência das produções para se encaixarem nas suas ideologias, desculpa, eu discordo. Para mim, é o mesmo que desrespeitar a cultura mais reacionária do país. ~ Note que não estou impondo uma opinião minha, tampouco que essa visão de mundo é a mais correta. ~ No entanto, fica evidente que para ser produzida ou ser um original dela, roteiristas e diretores estão se curvando à ocidentalização.

E antes que me ataquem pedras, entendo o contexto: Se ela vai produzir, é normal que se exija algumas pautas, ainda que trabalhadas de maneira “educativa”. Entretanto, mudar a essência em prol da sua filosofia? As características do país de origem e suas produções devem ser respeitadas. Observem bem as legendas e as dublagens. Acabaram com os honoríferos! The Fabulous, na essência, é a personificação de uma total ocidentalização dos Kdramas, nos moldes ideológicos da Netflix. Precisava ser dito!

O Enredo

É fraco. Infelizmente, precisa ser dito e que me dói na alma. Como shawol que sou, esperava mais do que 8 episódios que rodam em torno da mesmíssima coisa. Já vi mini dramas serem melhor trabalhados e personagens mais desenvolvidos que em The Fabulous. Match Vip está aí que não me deixa mentir! Original Netflix, mas com um enredo fantástico, muita crítica bem construída e um puta elenco. Entregou mais do que prometeu. E não, não estou contente em falar isso. O problema é que quando algo não está bom o suficiente para esconder o que não está tão fiel à essência, a parte ruim se intensifica.

Choi Minho tem capacidade para mais. Quem viu “Illang: The Wolf Brigade” e “Battle of Jangsari” sabe que ele tem potencial para muito mais do que o que apresentou neste kdrama. E não, não é culpa dele, mas da construção do personagem que deram para ele. Aproveitaram que ele saiu do exército para atiçarem as shawols e flammers, com ele sem camisa, com cenas de pegação, banho, sexo e beijaço público (PÚBLICO), e só. Absolutamente, só. Não vou dizer que não gostei dessas cenas, porque quando você tem um Bias Wrecker como o Choi Minho, você se anima vendo ele como um macho alpha, mas convenhamos. Beijo público na Coreia do Sul ser ovacionado? O fator vergonha de carinhos íntimos se perdeu em The Fabulous? Compreendem a frustração?

Sim, era exatamente esses pequenos detalhes que me faziam vibrar pelos Kdramas, por serem tão distantes das histórias tipicamente ocidentais às quais estamos tão acostumados. E esses detalhes se perderam com a Netflix. E tem mais! De certa forma, a história não chega a lugar algum. A impressão que tive é que precisavam empregar os protagonistas e assim o fizeram. Um se destaca pelo que faz, mas sem amor, e a outra busca destaque no que ama. Uma é modelo e o outro é estilista. Okay, mas e daí? O que tiramos disso? Qual o aprendizado ou a lição de moral, típicos dos Kdramas? Quem souber, por favor, me dê uma luz.

Os personagens

O que falar do carinha que a Ji Eun namora? Que mala… E aí sim eu pude ver uma crítica e uma boa justificativa para a existência dele na trama. Ao mesmo tempo em que ele critica a Ji Eun a não apresentar-lhe seu amor pelo que faz, ele é o típico cara que exige mais do outro que de si mesmo.

Infelizmente, não só não senti coesão nos personagens, como não consegui capturar a construção deles. E os Kdramas têm, por essência, essa conexão entre o passado e o presente, e a construção ímpar na personalidade dos personagens. Algo como uma atitude anterior que explique uma decisão atual e vice-versa. E não tivemos isso em The Fabulous. Tudo pareceu, apenas, efêmero. Ou seja, nada importante, trivial, passageiro, estupidamente casual!

Quer dizer, então porque vocês namoraram no passado e terminaram por falta de compromisso dele, justifica que você no futuro tenha sexo casual com o seu ex? Mesmo que para isso você traia seu namorado, por mais que ele não seja certo para você? Tudo porque você bebeu e deixou suas emoções falarem mais alto? Francamente, isso foi tão decepcionante! Afinal quais são os valores que estamos passando aqui? A filosofia confucionista da Coreia do Sul concorda com isso? É assim que “lealdade”, condição humanitária que criou todo a filosofia de respeito ao próximo, em posições hierárquicas fica resumida? Sim, porque, caso não sabem, a lealdade na Coreia do Sul é considerada uma das grandes virtudes humanas e a busca pela perfeição de si, enquanto indivíduo é a força motriz dos valores do país. O que aconteceu com tudo isso? Eu respondo: ocidentalizou.

Conclusão

Sinceramente, é tão desrespeitoso com a cultura sul coreana, que não entendo terem gostado de um Kdrama como esse. E não me venham dizer que os fins justificam os meios e mais baboseiras do tipo… A Coreia do Sul não é um país perfeito e está longe de ser, mas dentre a essência de suas obras e as produções ocidentais, quem ama o gênero dos doramas, não tem como preferir o modelo apresentado pelo Streaming. E quanto mais aplaudirmos essa descontextualização e ressignificação, mais distantes estaremos daquilo que a gente aprendeu a amar por ser diferente.

Com personagens mal desenvolvidos, uma história que não chega a lugar algum, ~ se você é fã de profundidade, vai sentir falta disso ~ e situações que não causam nada além de suspiros breves de fãs, não tem como dizer que The Fabulous foi um puta dorama. Ao meu ver, foi mediano. Gostosinho de assistir, leve, tragável, e bom. Mas só. ~ E, por Deus, como eu queria ter uma opinião diferente dessa para ele! Infelizmente, não me cativou como eu queria…

Para concluir, eu recomendo The Fabulous, como recomendaria qualquer série, mas não como dorama. Entendem a diferença? Talvez, minha crítica fosse melhor, se minha perspectiva não fosse a de quem “ama doramas” e usou esse amor para dar o nome a este portal. =P

Mas por hoje é só, pessoal, antes que comecem a me apedrejar e eu seja obrigada a dar a outra face. Se concordam ou se discordam de mim, lembrem-se de comentar com educação e com argumentos. Sou aberta a qualquer tipo de debate inteligente, desde que respeitoso, okay? Curtam, comentem e compartilhem… Até a próxima resenha!